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Os alunos da Faculdade de Letras passam a ter um um novo calendário escolar: 11 meses de aulas

  • ndsce9
  • 19 de jan. de 2019
  • 6 min de leitura

Atualizado: 15 de nov. de 2022

As obras na Faculdade de Letras, segundo o director da faculdade, vão começar já em fevereiro.


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Foto do Facebook da página AEFLUL


A Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa encontra-se com problemas estruturais. Desde inundações dentro da faculdade, a baratas perto das máquinas de vending, a ratos a percorrer a mesma depois das obras que se fizeram no parque de estacionamento. As obras com maior impacto serão naquele que é conhecido por ‘’Pavilhão Novo’’ (“novo” desde os anos 70). Como este vai ser deitado abaixo, e será reconstruído de forma completamente diferente tendo agora dois andares, irão faltar salas de aula disponíveis. Assim, a solução arranjada foi o ‘’Calendário Perpéctuo’’ onde os alunos da Faculdade de Letras passarão a ter três semestres de aulas, sendo o último no verão.


Situada na Cidade Universitária, a Faculdade de Letras encontra-se com problemas estruturais há anos. Há pelo menos um ano e meio que um abaixo assinado foi entregue ao director da faculdade, Miguel Tamen, e, até agora, os problemas ainda não foram resolvidos. Porém, segundo o mesmo, as obras de resolução vão-se iniciar já no próximo mês.


O Pavilhão Novo, que é ‘’novo’’ desde os anos 70.


A promessa é que as grandes obras serão no Pavilhão Novo, cujas condições não são, de todo, dignas para se terem aulas no local.

Chove lá dentro, os mosaicos do chão estão gravemente danificados. Depois das obras do parque de estacionamento em frente, passou a haver uma infestação de ratos. As salas são demasiado quentes ou demasiado frias, com janelas igualmente estragadas.

Em entrevista, Pedro Álvaro Mateus, aluno do 2º ano da licenciatura em História, afirma que ‘’é um pavilhão com fissuras visíveis a olho nu, onde chove lá dentro, revestido de tectos de cortiça humedecida pela chuva e com a muito pouco saudável cobertura de amianto. Nesse mesmo pavilhão existem locais onde o chão possui mosaicos partidos, já para não falar do jardim desse pavilhão, que mais parece um descampado de tão abandonado que está’’.


A falta de casas de banho arranjadas, o tecto a cair e os alunos sentados no chão das salas


Outra aluna da casa, que prefere manter-se em anonimato, conta a história de que a passar num dos corredores da faculdade caiu um pedaço de tecto mesmo ao seu lado. Ao fazer queixa obteve a resposta de que ‘’se levasse com ele também não iria doer muito’’.


Devido à falta de casas de banho utilizáveis, esta aluna refere que demora menos tempo a ir à casa de banho da Reitoria da Universidade de Lisboa, situada à frente da FLUL, do que a estar nas filas de espera das casas de banho dentro da faculdade.

A mesma queixa-se da falta de cadeiras dentro das salas. Um mal geral da Faculdade de Letras. Ou não há cadeiras suficientes para os alunos nas salas (demasiados alunos em salas que não têm capacidade para os mesmos), ou então muitas são as cadeiras partidas. É comum, segundo o relato desta aluna, haverem alunos sentados no chão devido a estes factores, principalmente em dias de testes onde, claramente, há maior assiduidade por parte dos alunos.


Uma outra aluna, que prefere também manter o anonimato, afirma que um dia chegou atrasada a um teste, sentou-se na primeira cadeira que encontrou, num dos anfiteatros, e acabou por cair por esta estar estragada.

Em entrevista, Miguel Tamen, director da faculdade, anuncia que em fevereiro deste ano vão-se iniciar já as obras de manutenção no edifício central. No piso 0 vão-se arranjar os wc’s, e remodelar a secretaria e tesouraria. Afirma também que no final deste ano vão haver grandes obras de restauração a espaços que foram adulterados. A substituição do PN por um novo pavilhão, com dois pisos, será no ano lectivo 2019/2020.


Alunos passam a ter aulas de setembro a agosto


Em março do ano passado foi anunciado um novo calendário para a faculdade: o calendário perpéctuo.


O PN vai ser deitado abaixo e, desta forma, o número de salas vai ser significativamente reduzido. Para se contornar esta situação criou-se o novo calendário. O problema é que agora os alunos passam a ter três semestres de aulas, sendo o último no verão. Assim, as aulas serão de setembro a agosto.


O segundo semestre passa a começar em janeiro, o que não é compatível para quem estiver em Erasmus, uma vez que irá perder parte das primeiras aulas. Porém, para outra aluna da faculdade, a preocupação maior é ainda para quem é aluno bolseiro e vive nas residências. ‘’É preocupante pois as bolsas deixam de ser pagas em junho, salvo erro, e durante o verão têm de abandonar as residências. Desta forma não têm, à partida, nem como ficar nem como suportar os gastos do semestre de verão. Vamos ver se arranjam alguma solução para isto.’’.


Sobre o tema, o director da faculdade esclarece que o semestre de verão sempre existiu, apenas não era usado. Agora servirá para rentabilizar tempo, isto é, vão haver aulas obrigatórias e cadeiras que tenham grande procura pois, no geral, vão-se reduzir as vagas de alunos por turma para se aumentar a oferta dada. O horário das aulas também passará a ser das 8h às 22h.


Questionado sobre a falta de regime pós-laboral, afirmou que este não tem procura pois hoje em dia as pessoas trabalham de forma diferente e com horários diferentes.

Em relação ao novo calendário, um professor da faculdade afirma que as informações face à extensão do período de aulas ainda não lhe foram transmitidas. Mas afirma que os novos prazos de avaliações e entrega de notas estão demasiado apertados.


Outro docente da casa fez uma reflexão sobre o tema:


‘’ Há duas dimensões a ter em conta e dois problemas:


Dimensão 1: uma universidade é uma instituição de ensino. O calendário anterior estabelecia quais os tempos lectivos, quais os tempos de avaliação (sem aulas) e quais os tempos restantes- já falarei à frente deles. Este novo calendário mantém os primeiros (no 1º/2º semestres), elimina completamente os segundos e alarga o semestre de Verão. É legítimo: creio que a ideia será a de promover mais actividades lectivas ou para-lectivas no semestre de verão, abrindo mais a escola aos alunos e à sociedade.


Dimensão 2: a Universidade é também uma instituição de investigação. Todos os docentes têm de fazer investigação, quer ao longo do período de aulas e avaliação, quer fora desse período.

O novo calendário alarga esta possibilidade: ao fazer desaparecer as semanas de avaliação, cada semestre é encurtado. Se cada docente der apenas dois semestres de aulas, objectivamente, porque os semestres se tornaram mais curtos, fica com mais tempo "livre" para a investigação.


Problema I: As avaliações deixam de ter um período próprio fora das aulas. Isso significa que elas têm de ser incluídas no período lectivo propriamente dito. Mesmo supondo uma diversificação dos métodos de avaliação, isso vai levar a que, com as aulas a decorrer, e sobretudo no final de cada semestre, se concentrem os elementos finais de avaliação (testes, fichas, entregas de trabalho, apresentações).

Em parte, isso já acontecia; contudo, a existência de um período de avaliações fora do tempo de aulas mitigava essa concentração.

Agora a situação na última semana deste primeiro semestre foi bastante difícil. Sobretudo para os bons alunos e trabalhadores-estudantes, foi particularmente grave. Quem não estuda nem trabalha, nunca estuda nem trabalha. Quem estuda e trabalha, mesmo que vá acompanhando a matéria, vê-se em maus lençóis.


Problema II: Julgo que deveria ser mais claro que tipo de ensino queremos na faculdade de letras. Toda a gente diz/sabe que a FLUL defende a avaliação contínua.


Temo que isso seja hoje uma miragem. Para mim, este calendário faz sentido, mas deveria ter sido acompanhado por uma reflexão sobre o ensino que o acompanhasse.


Dou duas sugestões:


1) eu defendo uma diminuição do número de horas de aulas por cadeira: passar de 4 para 3: isso libertaria por semana 5 horas aos estudantes e seria mais do que suficiente para "dar matéria"; isso também libertaria os alunos (e eu estou sempre a pensar nos melhores alunos) para se irem preparando para as várias e os vários tipos de avaliação.


2) A diminuição do número de semanas de aulas. Para mim, o erro deste calendário foi ter tirado as semanas de avaliação. Eu tê-las-ia mantido e teria diminuindo o número de semanas de aulas, que andam pelas 14-15 (um exagero), e poderiam passar para as 10 (12 vá lá).’’.


Note-se que, à partida, os docentes vão continuar a leccionar em apenas dois semestres. Já os estudantes, senão tiverem vaga num semestre ‘’normal’’, terão quase que obrigatoriamente de ter aulas no verão. Note-se também que os alunos do Conselho Pedagógico e da Associação de Estudantes manifestam-se claramente contra este calendário.


Os preços altos e fraca qualidade da comida dos bares


Ora, na Faculdade de Letras não existe o prato social. Quem quer comer na faculdade tem de se assujeitar aos preços dos bares. Um menu de almoço ronda os 4€ a 5€, impagável para um estudante nos dias que correm. O mais barato são as sandes, a cerca de 2,20€.


Isto acontece devido aos preços das rendas que os bares têm de pagar mas também devido à falta de concorrência. Existem apenas dois donos para todos os bares da faculdade, sendo que o terceiro dono que existia até ao ano passado desistiu afirmando que não estava a lucrar.


A falta de competitividade também trouxe desleixo. São conhecidos, em ambos os bares, casos de comida com bolor e até sumos fora do prazo.


Isto revolta os alunos pois os preços são elevados, a oferta é pouca e ainda correm o risco de receber comida sem qualidade.


Sobre o tema, ficou grafitado na faculdade o grito ‘’Banana a 1€ é roubo, rouba a banana’’.

 
 
 

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